10 de set. de 2009

O imarcável e o implacável

3 comentários
Por Vinicius Volpi

No esporte de alta performance, os grandes ídolos se estabelecem graças ao carisma, marketing e à genialidade, que o levam ao topo, seja no futebol, no basquete ou também numa modalidade individual. Na NBA, é fácil você destacar jogadores fora de série, cada equipe tem pelo menos 1, que mereça quadra cheia, incentivo e até ingresso mais caro, graças, sobretudo, ao retorno que ele proporciona: grandes jogadas, holofotes, alto faturamento publicitário e noites inesquecíveis, claro com vitórias, aos torcedores. A caidinha para trás de Michael Jordan (o chamado fadeaway pelos americanos) e a língua pra fora na hora de definir um lance entraram para a história. Em quadra, Jordan era imarcável, mas fora dela... O Deus do basquete só foi parado por um adversário: o tempo. No nosso caso, eu lembro como se fosse hoje quando Dirk chegou a Dallas, com jeito de moleque, cara de garoto, meio sem graça em frente às câmeras, com dificuldades até para colocar um terno e tímido na hora das entrevistas. Os anos se passaram e, mais uma vez, ele apareceu: o tempo. No caso do craque não se pode dizer que a idade já reflita de maneira implacável no jogo do ala-pivô. Há de se comemorar que ele é o maior jogador da história dos Mavs, principal cestinha também, conduziu o time à final, conquistou o título de MVP, colocou a franquia no mapa das equipes vencedoras e, além disso, classificou a Alemanha para as Olimpíadas de Pequim, em 2008, o que não ocorria desde 1992 - jejum maior que o do Brasil. Consagrado mundialmente, o gigante está presente em programas de caridade e sabe, com inteligência e humanidade, usufruir do status de estrela. Com mais de 30 anos, o que para um atleta já é uma idade no mínimo para ser analisada, Nowitzki ainda terá, ao meu ver, pelo menos três temporadas em alto nível. O que serve de consolo é ver Jason Kidd, beirando os 40, correndo que nem um garoto, mas com a maestria de um veterano, que enxerga como poucos e facilita o sistema da equipe. Sei que não será possível, mas que eu gostaria que o tempo parasse e desse um “tempo” para Jordan, Bird, Magic e, principalmente, Dirk continuarem atuando em alto nível, isso realmente seria uma dádiva. Enquanto a cabeça pensar e o corpo obedecer, tenha certeza de que Dirk estará sempre entre os melhores. Aí você me lembra, com toda razão: mas o Jordan parou, voltou, depois parou e voltou de novo. Sim, ele jogou no Washington Wizards com 40 anos e fazia 25 pontos por noite. Mas estamos falando do Pelé do basquete. Outro como ele não existirá. Então, nessa linha, eu até posso pensar que Dirk terá - não mais dois ou três anos, como citei acima, mas sim uns cinco entre os melhores alas da liga. Ok, fiquei mais animado, ganharemos um tempo com as jogadas de craque do 41, mas a certeza é de que ele, o tempo - famigerado e implacável - será responsável por tirá-lo das quadras no que será um dia histórico e triste para nós. Ao contrário dos marcadores implacáveis que são superados por Nowitzki, deste oponente implacável (o tempo), o alemão não conseguirá se livrar, assim como todos que aqui acompanham esta crônica. Os torcedores do Mavs e os amantes do basquete, só de pensar, começam a sentir saudades.

3 Responses so far.

  1. Unknown says:

    Muito interessante a materia,mais eu não entendi uma coisa o Nowitzki já anunciou a aposentadoria?

  2. Vinny says:

    Meeeuu...
    Desculpe o resto do Mavs center..mas foi o texto MAIS SINCERO E AUTENTICO DE UM TORCEDOR DO MAVS QUE EU JA VI ESCRITO!
    Uaall!
    queria ter sido eu o VINICIUS que escreveu isso!
    Maravilhoso!

  3. Oi Michele. É o Vinicius Volpi. Dirk ainda não anunciou a aposentadoria. Que bom! Porém, disse que deve parar quando não conseguir mais jogar am alto nível. Um abraço. Vinicius Volpi

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